Desentendimentos na relação amorosa - excessiva dependência emocional da parte dela
Marta: Queria muito que me ajuda-se a entender os meus sentimentos. Estou a passar por uma fase muito complicada na minha relação que tem quase 1 ano. Para compreender melhor as minhas duvidas vou-lhe contar a minha história desde o inicio... tudo começou ha mais de um ano atras eu ja o conhecia de vista pois andavamos na mesma escola, ele era do tipo de rapaz que nao passava mais de uma semana com uma rapariga, mas tambem nunca teve muitas...e é certo que gosta muito de admirar, começamos a falar e no inicio nao estava com grandes expectativas e tambem nunca fui uma rapariga em que quando tinha uma relaçao pensava "ele é o homem da minha vida".. mas tudo mudou a partir do momento em que me apaixonei por ele ... as conversas eram diarias durante horas a fio por telemovel menssagem e pessoalmente tinhamos uma relaçao muito boa...começamos a namorar e o inicio é sempre aquela explosao de emoçoes de declarações de amor e tudo mais ele era um verdadeiro romantico... ate que uns meses depois ele foi mudando aos bocadinhos, eu continuo super apaixonada cheia de vontade de querer demonstrar o quanto ele significa para mim e ele já nao esta tao entusiasmado como antes... e agora ele foi estudar para quase 300km de distancia para a universidade e so vem aos fins de semana e as vezes so de 15 em 15 dias ... antes de ele ir eu morria de ciumes, enchia-me de duvidas se ele poderia estar com outra ou algo do genero, mas fui compreendendo o lado dele, fui-lhe dando espaço pois sei que o sonho dele sempre foi ir para a universidade e festas é com ele, mas parece que ja nao tem tempo para mim... sinto-me sozinha e mal amada, sinto-me esquecida, trocada... nem sei explicar... as primeiras semanas de caloiro devem ser complicadas ... mas serao assim tanto de nao poder falar comigo pelo menos 10 min. por dia? ele tem conhecido muitas doutoras e veteranas, pelo que me diz sao ja muito amigos , mas elas sao muito bonitas e com a ausencia psicologica dele comigo nao me tem dado muita confiança, choro todos os dias com medo de o perder e ele nem tem tempo para me perguntar se estou bem... as vezes é so de dois em dois dias que falamos e é por alto...ele diz "eu amo-te mas sabes que agora é como se tivesse uma vida nova, eu nao vou para a china e o tempo passa rapido, nao tarda nada eu volto" isso da-me um certo alivio mas nao me conforta totalmente, nao sei se o que ele sente por mim é forte o suficiente para continuarmos juntos, eu quero e tenho lutado muito por nós tentando fugir ha rotina, mas ele nao tem feito nada pela relação é do tipo "deixa andar e ver no que dá" sem tentar, sem lutar por mim, ele sente que o amo demais para o deixar, será por isso que se sente confiante o suficiente para nao me corresponder da mesma maneira quando eu digo que o amo? as vezes parece que so me da mais valor quando esta com os amigos, sente-se orgulhoso por ter uma namorada que ate é bonitinha e que tem um corpo elegante.tem existido atraçao entre nós, tem existido muita coisa ao mesmo tempo que me deixa confusa, mas nao temos falado muito, nem temos falado do nosso amor... será que ele gosta verdadeiramente de mim? ou será que são só duvidas parvas e que ele precisa de espaço para viver e criar saudades de mim? eu nunca gostei assim de uma pessoa, sinto-me tao bem quando estou com ele, ele sim "é o homem da minha vida" mas... será que o que estou a sentir é obcessao para dizer isto? em vez de amor? sera que a ausencia dele provoca isto em mim para estar "desesperada" cheia de duvidas ? nao sei o que pensar ou o que fazer. ajude-me a aguentar isto, o que devo fazer? por muito que esteja a sofrer com isto, nao o consigo deixar, para tentar ser mais feliz sozinha ou com outra pesoa que me saiba dar mais valor... mas eu amo-o tenho tanto medo de tomar decisoes erradas...
Dra. Mónica: Cara Marta! Em primeiro lugar, deixe-me lhe dizer que a paixão é como um fogo que arde. Incendeia tudo facilmente, deixa marcas, às vezes bem fortes e vai-se apagando lentamente. Só que depois da fase da paixão, podem surgir outras duas fases que são opostas. Da paixão pode-ae passar para o companheirismo, o Amor maduro ou, então, depois da paixão que arde pode apagar-se o fogo e ficam as marcas dele. Esta última fase "do fogo que se apaga" é muito propícia ainda nos jovens, que têm muita vida pela frente, muitas experiências a ter, muitas novidades, tudo é muito novo, tal como a mudança para a faculdade. Por norma, o sexo masculino é mais desprendido emocionalmente do que as mulheres, que tanto por aprendizagem através da educação e da transmissão cultural, como também, através da estrutração emocional são mais propícias a fomentar a vinculação e os laços afectivos e a mantê-los. Ou seja, a mulher aprende a conservar as relações.
De facto, na minha opinião, eu acho que o rompimento da relação agora por sua iniciativa pode ser algo não muito eficaz nem muito bom para si. Não vai deixar de sofrer só por terminar este namoro. Se o terminasse, supunhamos que as dúvidas em relação ao que ele andava a fazer ou se ainda gostava de si, podiam-lhe parecer que nessa altura não faria sentido e, por essa razão seriam dúvidas que deixariam de existir. Mas, de certo, apareceriam outras dúvidas, outras questões e a angústia iminente de ter perdido (aliás, por ter feito para que acontecesse tal) o rapaz que ama.
Ele até pode gostar de si e estar demasiado preenchido neste momento com a nova fase de vida, a faculdade. Também pode acontecer que ele até conheça alguém e que a troque por esse alguém. Todos nós que estamos num relacionemento podemos correr esse risco. Até pessoas casadas e com filhos. Mas, também, pode acontecer que ele goste bastante de si e que só esteja muito atarefado com uma vida nova. Mas, é natural, os seus medos. Desde bem pequeninas, as mulheres aprendem que são frágeis, indefesas e que precisam de um homem que cuidem delas. A Marta ama-o; mas, se um dia o namoro acabar... e depois? Claro que dói. A Marta gosta dele. Mas, a vida não continua depois? E, depois, a Marta não tem que ser o mais importante para o seu namorado. Ele pode ter coisas mais importantes do que o namoro com a Marta, tal como a faculdade, por exemplo. Mas, isso não quer dizer que a Marta também não seja importante para ele, e que ele não goste de si e que não queira continuar a namorar consigo. E ele também não tem que ser a coisa mais importante para si ou a única coisa importante para si. A Marta não tem outros interesses na vida? Outras necessidades e objectivos para além de um homem e de estar dependente de uma relação?
Em suma, no meu entender, aconselho a Marta a viver a relação que tem até poder. Um dia, quando tiver que acabar, acaba. Mas, antes de mais, não se esqueça de si própria. Cultive outros interesses, saia com amigos e amigas, faça actividades, estude, trabalhe, tenha tempos livres, viva a vida, independentemente de ter o seu namorado ao pé de si ou não.
Atenciosamente,
Mónica de Sousa
(Psicóloga Clínica
Marta: espero começar a pensar mais em mim, espero não estar tão dependente deste amor doentio, gosto muito dele, mas tem toda a razão, devo pensar mais em mim e conciliar a relação com o resto da minha vida. porque nem o quero perder a ele nem quero perder a minha vida própria estando dependente dele.
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